Aquele que te conhece pelo simples pulsar do coração.
Aquele que sabe como é a maneira adequada de chegar, agir, comportar-se.
Sabe o modo como gosta de sorrir.
Sua música, cantor (a), esmalte, favoritos.
Aquele que consegue encantar-te a cada olhar nos olhos. É capaz de transformar unicamente como o primeiro deles.
Aquele que aperta bem forte sua mão e a leva para passear, como nos tempos antigos.
Aquele que sabe te dar um abraço envolvente pela cintura.
Sabe ser menino e homem na hora que tem que ser. E não mede esforços para ver-te bem, feliz.
Não importa dia, nem hora. Ele está lá.
E sempre estará.
Pois se um dia faltar, o coração chama.
E eu sei que ele vem!
sexta-feira, 30 de outubro de 2009
quinta-feira, 29 de outubro de 2009
Bate mais forte e mais fraco ao mesmo tempo.
Mais fraco e mais forte.
Ainda guarda o cheiro consigo. O gosto.
As lembranças da tua chegada. Permanência. Partida.
Não pára. Não quer mais não pensar.
Não para de pensar.
Há quanto tempo não ouvia aquela música ?!
Chega a dar saudade.
Acelera.
Pára.
Ou quase.
Guarda consigo as últimas palavras daquela noite.
Tchau.
Mais fraco e mais forte.
Ainda guarda o cheiro consigo. O gosto.
As lembranças da tua chegada. Permanência. Partida.
Não pára. Não quer mais não pensar.
Não para de pensar.
Há quanto tempo não ouvia aquela música ?!
Chega a dar saudade.
Acelera.
Pára.
Ou quase.
Guarda consigo as últimas palavras daquela noite.
Tchau.
terça-feira, 27 de outubro de 2009
segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Quando abrir os olhos, o que vai encontrar ?!
Cada um sabe o que faz.
Sabe o tamanho do fardo que carregas. E as consequências de cada ato impensável.
Últimamente, me falta o pensamento antes de cada ato. De cada ação.
Ajo da maneira momentânea, e na que às vezes pode acreditar ser a certa naquele instante. O que pode não ser mais tarde.
Mas afinal, regras existem ?! Ou elas são feitas para serem quebradas ?!
Viva mais.
Erre mais.
Apaixone-se mais.
Torça mais para aquela janelinha subir.
Deseje mais aquele fim de tarde. Aquele inicio de sorriso. O tal abraço ao fim do dia.
Queira mais, mais e mais doses cheias de pecado 'dele'. Mas tendo a certeza de que são as únicas capazes de satisfazê-la.
Ria.
Observe.
Aprenda.
Conte uma piada mal feita, sem graça.
Cante, mesmo que desafinado.
Deixa que o vento te mostre a vida, o dia lhe dê saúde e energia e que as coisas a guiem por onde for.
Só eu sei onde isso vai chegar ...
sexta-feira, 23 de outubro de 2009
quinta-feira, 22 de outubro de 2009
Dezoito anos*
Há exatamente dezoito anos atrás, vinha ao mundo uma linda menininha com nome de Karina. Seus olhos eram preto feito jabuticaba e em sua cabeça tinha mais cabelo do que até mesmo sua irmã mais velha de dois anos, haha. Eram num tom lindo de castanho escuro e continha muitos cachos *-*
Era calma, quase nem se ouvia chorar, ficava o tempo todo em seu bercinho, carrinho sem ao menos reclamar.
Um presente, uma boneca que mamãe me deu. E seu sonho era dar banho e cuidar da irmãzinha. Como sua própria filha.
Falava alto, dançava muito, não parava um segundo se quer. Tinha uma energia admirável.
Tinha as perninhas pequenas e era um pouco desastrada. Sempre caia ou acontecia algo.
O tempo foi passando e com ele os anos. E quem era uma simples boneca bochechuda, hoje se torna uma mais nova mulher de dezoito anos. A maturidade está presente, uma nova fase também. E eu não quero perder nada disso.
O melhor presente que papai e mamãe me deram até hoje. Uma companheira, melhor amiga, a verdadeira irmã do dia a dia. E se às vezes temos desavenças, são com elas que aprendemos e crescemos como pessoas e como convivência.
Aprendo e muito com você. Obrigada pelos conselhos, pelo colo nos dias tristes, pelo brilho do sorriso nos dias alegres e de grande empolgação, pelas palavras doces e as duras quando preciso. Sei que tenho muito pra aprender ainda, mas tenho sorte de tê-la por perto.
Eu te amo sem mais, e te desejo não só no dia de hoje, mas em todos os muitos que ainda estão por vir, muita saúde, muita energia, muitas e muitas felicidades, paz, amor principalmente, dinheiro que é sempre bom, força pra me agüentar na sua vida e muitas responsabilidades nessa sua nova fase, novo momento. Estarei mais que presente no que eu puder e você poderá contar com tudo, independente de qualquer coisa.
Parceiras são parceiras, e você é de sangue.
Te amo ♥
Feliz Aniversário!
Era calma, quase nem se ouvia chorar, ficava o tempo todo em seu bercinho, carrinho sem ao menos reclamar.
Um presente, uma boneca que mamãe me deu. E seu sonho era dar banho e cuidar da irmãzinha. Como sua própria filha.
Falava alto, dançava muito, não parava um segundo se quer. Tinha uma energia admirável.
Tinha as perninhas pequenas e era um pouco desastrada. Sempre caia ou acontecia algo.
O tempo foi passando e com ele os anos. E quem era uma simples boneca bochechuda, hoje se torna uma mais nova mulher de dezoito anos. A maturidade está presente, uma nova fase também. E eu não quero perder nada disso.
O melhor presente que papai e mamãe me deram até hoje. Uma companheira, melhor amiga, a verdadeira irmã do dia a dia. E se às vezes temos desavenças, são com elas que aprendemos e crescemos como pessoas e como convivência.
Aprendo e muito com você. Obrigada pelos conselhos, pelo colo nos dias tristes, pelo brilho do sorriso nos dias alegres e de grande empolgação, pelas palavras doces e as duras quando preciso. Sei que tenho muito pra aprender ainda, mas tenho sorte de tê-la por perto.
Eu te amo sem mais, e te desejo não só no dia de hoje, mas em todos os muitos que ainda estão por vir, muita saúde, muita energia, muitas e muitas felicidades, paz, amor principalmente, dinheiro que é sempre bom, força pra me agüentar na sua vida e muitas responsabilidades nessa sua nova fase, novo momento. Estarei mais que presente no que eu puder e você poderá contar com tudo, independente de qualquer coisa.
Parceiras são parceiras, e você é de sangue.
Te amo ♥
Feliz Aniversário!
quarta-feira, 21 de outubro de 2009
segunda-feira, 19 de outubro de 2009
Fogo e Gelo.
Alguns dizem que o mundo acabará em fogo,
Outros dizem em gelo.
Pelo que provei do desejo
Fico com quem prefere o fogo.
Mas, se tivesse de perecer duas vezes,
Acho que conheço o bastante do ódio
Para saber que a ruína pelo gelo
Também seria ótima
E bastaria.
Outros dizem em gelo.
Pelo que provei do desejo
Fico com quem prefere o fogo.
Mas, se tivesse de perecer duas vezes,
Acho que conheço o bastante do ódio
Para saber que a ruína pelo gelo
Também seria ótima
E bastaria.
domingo, 18 de outubro de 2009
quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Quem conheceu o delírio, jamais volta ao ponto da total sanidade.
Mas quem sugeriu o que seria certo e errado ?!
Talvez o correto pra mim seja o extremo do incorreto para você.
E pode ser que no que acredite, eu repugne.
Talvez nada é correto, e o mundo seja apenas uma perdição de nós os pecadores. Mas isso não o torna menos divertido.
sexta-feira, 9 de outubro de 2009
A manhã de hoje parece estar ainda mais linda, mais adorável e mais convidativa do que nos dias anteriores.
Mas mesmo assim, continua mais pesada do que nunca. Suas expectativas e suas vontades, não correspondem mais com o que seu corpo pode fazer. Ou pra que é capaz.
E ainda se pergunta:
- Será que era para ter começado ?!
Mas mesmo assim, continua mais pesada do que nunca. Suas expectativas e suas vontades, não correspondem mais com o que seu corpo pode fazer. Ou pra que é capaz.
E ainda se pergunta:
- Será que era para ter começado ?!
quarta-feira, 7 de outubro de 2009
Sobre o amor.
Houve uma época em que eu pensava que as pessoas deviam ter um gatilho na garganta: quando pronunciasse — eu te amo —, mentindo, o gatilho disparava e elas explodiam. Era uma defesa intolerante contra os levianos e que refletia sem dúvida uma enorme insegurança de seu inventor. Insegurança e inexperiência. Com o passar dos anos a idéia foi abandonada, a vida revelou-me sua complexidade, suas nuanças. Aprendi que não é tão fácil dizer eu te amo sem pelo menos achar que ama e, quando a pessoa mente, a outra percebe, e se não percebe é porque não quer perceber, isto é: quer acreditar na mentira. Claro, tem gente que quer ouvir essa expressão mesmo sabendo que é mentira. O mentiroso, nesses casos, não merece punição alguma.
Por aí já se vê como esse negócio de amor é complicado e de contornos imprecisos. Pode-se dizer, no entanto, que o amor é um sentimento radical — falo do amor-paixão — e é isso que aumenta a complicação. Como pode uma coisa ambígua e duvidosa ganhar a fúria das tempestades? Mas essa é a natureza do amor, comparável à do vento: fluido e arrasador. É como o vento, também às vezes doce, brando, claro, bailando alegre em torno de seu oculto núcleo de fogo.
O amor é, portanto, na sua origem, liberação e aventura. Por definição, anti-burguês. O próprio da vida burguesa não é o amor, é o casamento, que é o amor institucionalizado, disciplinado, integrado na sociedade. O casamento é um contrato: duas pessoas se conhecem, se gostam, se sentem a traídas uma pela outra e decidem viver juntas. Isso poderia ser uma coisa simples, mas não é, pois há que se inserir na ordem social, definir direitos e deveres perante os homens e até perante Deus. Carimbado e abençoado, o novo casal inicia sua vida entre beijos e sorrisos. E risos e risinhos dos maledicentes. Por maior que tenha sido a paixão inicial, o impulso que os levou à pretoria ou ao altar (ou a ambos), a simples assinatura do contrato já muda tudo. Com o casamento o amor sai do marginalismo, da atmosfera romântica que o envolvia, para entrar nos trilhos da institucionalidade. Torna-se grave. Agora é construir um lar, gerar filhos, criá-los, educá-los até que, adultos, abandonem a casa para fazer sua própria vida. Ou seja: se corre tudo bem, corre tudo mal. Mas, não radicalizemos: há exceções — e dessas exceções vive a nossa irrenunciável esperança.
Conheci uma mulher que costumava dizer: não há amor que resista ao tanque de lavar (ou à máquina, mesmo), ao espanador e ao bife com fritas. Ela possivelmente exagerava, mas com razão, porque tinha uns olhos ávidos e brilhantes e um coração ansioso. Ouvia o vento rumorejar nas árvores do parque, à tarde incendiando as nuvens e imaginava quanta vida, quanta aventura estaria se desenrolando naquele momento nos bares, nos cafés, nos bairros distantes. À sua volta certamente não acontecia nada: as pessoas em suas respectivas casas estavam apenas morando, sofrendo uma vida igual à sua. Essa inquietação bovariana prepara o caminho da aventura, que nem sempre acontece. Mas dificilmente deixa de acontecer. Pode não acontecer a aventUra sonhada, o amor louco, o sonho que arrebata e funda o paraíso na terra. Acontece o vulgar adultério — o assim chamado —, que é quase sempre decepcionante, condenado, amargo e que se transforma numa espécie de vingança contra a mediocridade da vida. É como uma droga que se toma para curar a ansiedade e reajustar-se ao status quo. Estou curada, ela então se diz — e volta ao bife com fritas.
Mas às vezes não é assim. Às vezes o sonho vem, baixa das nuvens em fogo e pousa aos teus pés um candelabro cintilante. Dura uma tarde? Uma semana? Um mês? Pode durar um ano, dois até, desde que as dificuldades sejam de proporção suficiente para manter vivo o desafio e não tão duras que acovardem os amantes. Para isso, o fundamental é saber que tudo vai acabar. O verdadeiro amor é suicida. O amor, para atingir a ignição máxima, a entrega total, deve estar condenado: a consciência da precariedade da relação possibilita mergulhar nela de corpo e alma, vivê-la enquanto morre e morrê-la enquanto vive, como numa desvairada montanha-russa, até que, de repente, acaba. E é necessário que acabe como começou, de golpe, cortado rente na carne, entre soluços, querendo e não querendo que acabe, pois o espírito humano não comporta tanta realidade, como falou um poeta maior. E enxugados os olhos, aberta a janela, lá estão as mesmas nuvens rolando lentas e sem barulho pelo céu deserto de anjos. O alívio se confunde com o vazio, e você agora prefere morrer.
A barra é pesada. Quem conheceu o delírio dificilmente se habitua à antiga banalidade. Foi Gogol, no Inspetor Geral quem captou a decepção desse despertar. O falso inspetor mergulhara na fascinante impostura que lhe possibilitou uma vida de sonho: homenagens, bajulações, dinheiro e até o amor da mulher e da filha do prefeito. Eis senão quando chega o criado, trazendo-lhe o chapéu e o capote ordinário, signos da sua vida real, e lhe diz que está na hora de ir-se pois o verdadeiro inspetor está para chegar. Ele se assusta: mas então está tUdo acabado? Não era verdade o sonho? E assim é: a mais delirante paixão, terminada, deixa esse sabor de impostura na boca, como se a felicidade não pudesse ser verdade. E no entanto o foi, e tanto que é impossível continuar vivendo agora, sem ela, normalmente. Ou, como diz Chico Buarque: sofrendo normalmente.
Evaporado o fantasma, reaparece em sua banal realidade o guardaroupa, a cômoda, a camisa usada na cadeira, os chinelos. E tUdo impregnado da ausência do sonho, que é agora uma agulha escondida em cada objeto, e te fere, inesperadamente, quando abres a gaveta, o livro. E te fere não porque ali esteja o sonho ainda, mas exatamente porque já não está: esteve. Sais para o trabalho, que é preciso esquecer, afundar no dia-a-dia, na rotina do dia, tolerar o passar das horas, a conversa burra, o cafezinho, as notícias do jornal. Edifícios, ruas, avenidas, lojas, cinema, aeroportos, ônibus, carrocinhas de sorvete: o mundo é um incomensurável amontoado de inutilidades. E de repente o táxi que te leva por uma rua onde a memória do sonho paira como um perfume. Que fazer? Desviar-se dessas ruas, ocultar os objetos ou, pelo contrário, expor-se a tudo, sofrer tudo de uma vez e habituarse? Mais dia menos dia toda a lembrança se apaga e te surpreendes gargalhando, a vida vibrando outra vez, nova, na garganta, sem culpa nem desculpa. E chegas a pensar: quantas manhãs como esta perdi burramente! O amor é uma doença como outra qualquer.
E é verdade. Uma doença ou pelo menos uma anormalidade. Como pode acontecer que, subitamente, num mundo cheio de pessoas, alguém meta na cabeça que só existe fulano ou fulana, que é impossível viver sem essa pessoa? E reparando bem, tirando o rosto que era lindo, o corpo não era lá essas coisas... Na cama era regular, mas no papo um saco, e mentia, dizia tolices, e pensar que quase morro!...
Isso dizes agora, comendo um bife com fritas diante do espetáculo vesperal dos cúmulos e nimbos. Em paz com a vida. Ou não.
Por aí já se vê como esse negócio de amor é complicado e de contornos imprecisos. Pode-se dizer, no entanto, que o amor é um sentimento radical — falo do amor-paixão — e é isso que aumenta a complicação. Como pode uma coisa ambígua e duvidosa ganhar a fúria das tempestades? Mas essa é a natureza do amor, comparável à do vento: fluido e arrasador. É como o vento, também às vezes doce, brando, claro, bailando alegre em torno de seu oculto núcleo de fogo.
O amor é, portanto, na sua origem, liberação e aventura. Por definição, anti-burguês. O próprio da vida burguesa não é o amor, é o casamento, que é o amor institucionalizado, disciplinado, integrado na sociedade. O casamento é um contrato: duas pessoas se conhecem, se gostam, se sentem a traídas uma pela outra e decidem viver juntas. Isso poderia ser uma coisa simples, mas não é, pois há que se inserir na ordem social, definir direitos e deveres perante os homens e até perante Deus. Carimbado e abençoado, o novo casal inicia sua vida entre beijos e sorrisos. E risos e risinhos dos maledicentes. Por maior que tenha sido a paixão inicial, o impulso que os levou à pretoria ou ao altar (ou a ambos), a simples assinatura do contrato já muda tudo. Com o casamento o amor sai do marginalismo, da atmosfera romântica que o envolvia, para entrar nos trilhos da institucionalidade. Torna-se grave. Agora é construir um lar, gerar filhos, criá-los, educá-los até que, adultos, abandonem a casa para fazer sua própria vida. Ou seja: se corre tudo bem, corre tudo mal. Mas, não radicalizemos: há exceções — e dessas exceções vive a nossa irrenunciável esperança.
Conheci uma mulher que costumava dizer: não há amor que resista ao tanque de lavar (ou à máquina, mesmo), ao espanador e ao bife com fritas. Ela possivelmente exagerava, mas com razão, porque tinha uns olhos ávidos e brilhantes e um coração ansioso. Ouvia o vento rumorejar nas árvores do parque, à tarde incendiando as nuvens e imaginava quanta vida, quanta aventura estaria se desenrolando naquele momento nos bares, nos cafés, nos bairros distantes. À sua volta certamente não acontecia nada: as pessoas em suas respectivas casas estavam apenas morando, sofrendo uma vida igual à sua. Essa inquietação bovariana prepara o caminho da aventura, que nem sempre acontece. Mas dificilmente deixa de acontecer. Pode não acontecer a aventUra sonhada, o amor louco, o sonho que arrebata e funda o paraíso na terra. Acontece o vulgar adultério — o assim chamado —, que é quase sempre decepcionante, condenado, amargo e que se transforma numa espécie de vingança contra a mediocridade da vida. É como uma droga que se toma para curar a ansiedade e reajustar-se ao status quo. Estou curada, ela então se diz — e volta ao bife com fritas.
Mas às vezes não é assim. Às vezes o sonho vem, baixa das nuvens em fogo e pousa aos teus pés um candelabro cintilante. Dura uma tarde? Uma semana? Um mês? Pode durar um ano, dois até, desde que as dificuldades sejam de proporção suficiente para manter vivo o desafio e não tão duras que acovardem os amantes. Para isso, o fundamental é saber que tudo vai acabar. O verdadeiro amor é suicida. O amor, para atingir a ignição máxima, a entrega total, deve estar condenado: a consciência da precariedade da relação possibilita mergulhar nela de corpo e alma, vivê-la enquanto morre e morrê-la enquanto vive, como numa desvairada montanha-russa, até que, de repente, acaba. E é necessário que acabe como começou, de golpe, cortado rente na carne, entre soluços, querendo e não querendo que acabe, pois o espírito humano não comporta tanta realidade, como falou um poeta maior. E enxugados os olhos, aberta a janela, lá estão as mesmas nuvens rolando lentas e sem barulho pelo céu deserto de anjos. O alívio se confunde com o vazio, e você agora prefere morrer.
A barra é pesada. Quem conheceu o delírio dificilmente se habitua à antiga banalidade. Foi Gogol, no Inspetor Geral quem captou a decepção desse despertar. O falso inspetor mergulhara na fascinante impostura que lhe possibilitou uma vida de sonho: homenagens, bajulações, dinheiro e até o amor da mulher e da filha do prefeito. Eis senão quando chega o criado, trazendo-lhe o chapéu e o capote ordinário, signos da sua vida real, e lhe diz que está na hora de ir-se pois o verdadeiro inspetor está para chegar. Ele se assusta: mas então está tUdo acabado? Não era verdade o sonho? E assim é: a mais delirante paixão, terminada, deixa esse sabor de impostura na boca, como se a felicidade não pudesse ser verdade. E no entanto o foi, e tanto que é impossível continuar vivendo agora, sem ela, normalmente. Ou, como diz Chico Buarque: sofrendo normalmente.
Evaporado o fantasma, reaparece em sua banal realidade o guardaroupa, a cômoda, a camisa usada na cadeira, os chinelos. E tUdo impregnado da ausência do sonho, que é agora uma agulha escondida em cada objeto, e te fere, inesperadamente, quando abres a gaveta, o livro. E te fere não porque ali esteja o sonho ainda, mas exatamente porque já não está: esteve. Sais para o trabalho, que é preciso esquecer, afundar no dia-a-dia, na rotina do dia, tolerar o passar das horas, a conversa burra, o cafezinho, as notícias do jornal. Edifícios, ruas, avenidas, lojas, cinema, aeroportos, ônibus, carrocinhas de sorvete: o mundo é um incomensurável amontoado de inutilidades. E de repente o táxi que te leva por uma rua onde a memória do sonho paira como um perfume. Que fazer? Desviar-se dessas ruas, ocultar os objetos ou, pelo contrário, expor-se a tudo, sofrer tudo de uma vez e habituarse? Mais dia menos dia toda a lembrança se apaga e te surpreendes gargalhando, a vida vibrando outra vez, nova, na garganta, sem culpa nem desculpa. E chegas a pensar: quantas manhãs como esta perdi burramente! O amor é uma doença como outra qualquer.
E é verdade. Uma doença ou pelo menos uma anormalidade. Como pode acontecer que, subitamente, num mundo cheio de pessoas, alguém meta na cabeça que só existe fulano ou fulana, que é impossível viver sem essa pessoa? E reparando bem, tirando o rosto que era lindo, o corpo não era lá essas coisas... Na cama era regular, mas no papo um saco, e mentia, dizia tolices, e pensar que quase morro!...
Isso dizes agora, comendo um bife com fritas diante do espetáculo vesperal dos cúmulos e nimbos. Em paz com a vida. Ou não.
terça-feira, 6 de outubro de 2009
Bateu em minha porta e carinhosamente pediu-lhe para entrar.
Sua maneira doce e encantadora a conquistou. Confesso.
Chegou. Ficou em um cantinho. E quando menos percebeu já ocupara o espaço todo que havia lá dentro.
Impossível dizer-lhe não. Não há como não deixá-lo estender-se de tamanho e forma.
Está ali e está vivo.
Habita em mim. Sou muito feliz por isso hoje. Pela sua chegada.
Não poderia ter sido em outra hora, de outra forma ou maneira. Tudo tem sem tempo certo. O seu modo de acontecer. E o nosso, é o melhor possível.
Hoje está ali, quietinho, mas sempre presente. Alimentando o amor e a esperança, e a deixando mais jovem.
Um sorriso tímido, meio de canto, surge. Ao imaginar que está dormindo feito um anjo. Daria tudo para te observar por minutos apenas. Saber que estas bem.
Sua maneira doce e encantadora a conquistou. Confesso.
Chegou. Ficou em um cantinho. E quando menos percebeu já ocupara o espaço todo que havia lá dentro.
Impossível dizer-lhe não. Não há como não deixá-lo estender-se de tamanho e forma.
Está ali e está vivo.
Habita em mim. Sou muito feliz por isso hoje. Pela sua chegada.
Não poderia ter sido em outra hora, de outra forma ou maneira. Tudo tem sem tempo certo. O seu modo de acontecer. E o nosso, é o melhor possível.
Hoje está ali, quietinho, mas sempre presente. Alimentando o amor e a esperança, e a deixando mais jovem.
Um sorriso tímido, meio de canto, surge. Ao imaginar que está dormindo feito um anjo. Daria tudo para te observar por minutos apenas. Saber que estas bem.
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